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Luiz Gê

Quadrão

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O Quadrão se compõe de 5 tiras de quadrinhos independentes em preto, branco e cinza que estão dispostos sobre um fundo colorido em ocre claro que não ocupa todo o espaço da largura das tiras, é mais estreito. As tiras não têm todas a mesma largura e altura, embora sejam de tamanhos parecidos. O branco da página do jornal penetra, dessa forma, um pouco do espaço retangular e vertical, que normalmente é inteiramente ocupado pelo Quadrão. Isso deixa as tiras desiguais, que se sobrepõem a esse fundo, mais soltas visualmente. Na parte superior do fundo ocre, acima da primeira das tiras, há um título em vermelho adornado por firulas pretas que diz: Querido diário: Domingo de manhã sai pra caçar rã. Tira 1 Quadro 1 -– Um sujeito de perfil voltado para a direita do leitor, está olhando de binóculo pela janela. Pela iluminação do quarto e prédios lá fora, parece ser início da noite. O sujeito está com a língua para fora, sentindo certa excitação provocada pelo que está observando. Quadro 2 – Esse enquadramento tem margens pretas em circunferência, indicando que a imagem é a que o personagem vê através do seu binóculo. No centro dessa imagem circular há uma janela com cortinas semiabertas deixando ver partes de móveis e quadros, numa sala à meia luz, e, no primeiro plano, perto da janela, as curvas insinuantes de uma bem-formada mulher nua de longos cabelos lisos e pretos está sentada de costas para o observador. Quadro 3 – Enquadramento encerra parte da fachada do edifício em frente, mostrando pelo menos 5 andares de janelas acesas, umas com persianas, outras com cortinas ou as duas coisas. De uma das janelas, de onde se pode ver a mesma mulher ao longe, está saindo um balão de voz dizendo: Já falei para não secar a peruca no violão! Tira 2 Quadro 1 – Uma canoa típica de indígenas norte-americanos é conduzida à remo por dois índios de narigão. Eles descem um rio que parece correr veloz. Atrás deles há o barranco e, depois, altos pinheiros e, mais longe, montanhas com os cumes nevados. Acima dessa imagem há a narração: Como mudam os temas cinematográficos. Quadro 2 – Rio onde desagua esgoto ou outros tipos de dejetos industriais. Um jorro sai de um cano espetado na margem, à esquerda de quem olha. O jorro borbulha deixando a sensação de algo pastoso que se mistura ao que resta de água e a outras correntes borbulhantes do rio vindas de mais longe. Também há latas, caixas de papelão, pneus, etc. Moscas voejam sobre o cano. As margens estão poluídas e com arbustos raquíticos. Além delas há fábricas com chaminés soltando fumaça e, ao fundo, barracos, e, ao longe, uma cidade esfumaçada. Quadro 3 – Um bando de zumbis cadavéricos e esbodegados avança com as mãos esticadas para a frente. Tira 3 Quadro 1 – Close próximo da bocarra de um sujeito gritando a plenos pulmões enquanto usa as mãos ao redor da boca para direcionar o som insultuoso: Fogaçaa!! Quadro 2 – O sujeito de costas fugindo em desabalada carreira com seu cabelo desgrenhado esvoaçando. Linhas de vento deixadas para trás, ele já vai longe. Quadro 3 – Uma mão dispara várias vezes um revólver tentando acertá-lo bam, bam! Fogaça é sua mãe!!, grita o atirador furioso. Tira 4 Quadro 1 – Um pai, já de pijama, conta uma história para seu filhinho com narigão e chuca chuca, já deitado em sua caminha. O pai levanta o dedo e olhando para as imagens em sua própria imaginação começa: Era uma vez... Quadro 2 – O filho protesta em alta voz: Ah, não!! Essa mesma história outra vez??? Pai congelado, ainda com o dedo em riste. Tira 5 Quadro 1 – Os enquadramentos dos três primeiros quadros são idênticos e olham a partir do chão, de baixo para cima, embora essa perspectiva não seja muito exagerada. Há um soldado (oficial) no primeiro plano em posição de alerta e olhando para a frente (o lado do leitor). Atrás dele há um tanque de guerra também de frente (soldado e tanque voltados ligeiramente para a direita do observador, de modo que dá para ver um pedacinho da lateral do tanque à esquerda). O canhão dele está apontado para a esquerda do quadro. Texto acima: O preço da liberdade... Quadro 2 – O soldado continua na mesma posição. O tanque também. O canhão do tanque se moveu. Quase se escondeu atrás do soldado, mas dá para ver que aponta na direção da cabeça dele. Texto acima: ...é a eterna... Quadro 3 – O soldado está sem a cabeça, o canhão do tanque agora aponta para a direita do leitor, ainda soltando fumacinha. Texto acima: ... vigilância. Quadro 4 – O enquadramento pega a escotilha do tanque, que se abriu, e Bolsonaro está saindo por ela.

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